Monday 7 October 2013

A Rapariga Que Roubava Livros - Opinião

Há muito tempo que não vinha aqui dar a minha opinião sobre este ou aquele livro e esse hiato deve-se essencialmente às férias de verão que, ao contrário do que muitos pensam, é quando tenho menos tempo para ler e dar atenção à tão querida Internet. No entanto as férias já acabaram há 3 semanas e há muitos livros que ainda não têm a sua opinião devida e merecida. Admito: sou preguiçoso e um procrastinador
profissional e essa falta de opiniões deve-se essencialmente à minha falta de vontade de escrever.
Até vir este livro.
Já devem estar a ver que este livro é, deveras, algo de muito especial para me fazer voltar às minhas andanças nos blogues portanto, e sem mais demoras, vamos saltar para a opinião.

"A Rapariga Que 'Roubou' 3 Livros"
Outra pequena introdução: quando comecei este blogue decidi que seria eu a escrever as minhas próprias sinopses dos livros a opinar mas depois mudei de ideias e decidi copiar as sinopses do Goodreads principalmente porque alguns livros teimavam em não querer ser bem resumidos. Hoje, no entanto, regresso às origens com uma sinopse que eu próprio escreverei sob a forma de uma conversa. Aqui vai:
Sinopse:
Morte: Olá a todos! Bem-vindos ao fantástico livro "A Rapariga Que Roubava Livros". Fiquem desde já a saber que eu serei a vossa narradora e que portanto vou interromper o fluxo da história diversas vezes para vos dizer coisas que podiam ser contadas ao longo da narrativa, mas eu gosto de infodumps, e para vos avisar de acontecimentos porque sei que vocês não gostam de ser surpreendidos.
Leitor: Mas eu gosto de ser surpreendido. São as reviravoltas e plot twists que afectam os sentimentos e fazem o leitor ficar interessado na história.
Morte: Cala-te que não sabes o que estás a dizer. Agora começa lá a ler o livro.
Liesel: Olá! Eu sou a Liesel e não tenho personalidade nenhuma, sou bastante irritante e não vou desenvolver ao longo da história. No entanto amem-me porque tenho 11 anos e sou muito fofinha e inteligente.
Morte: NÃO! Tu não te chamas Liesel. Tu chamas-te rapariga que roubava livros e portanto vou-te chamar assim durante todo o livro excepto quando tiver de evitar repetições.
Liesel: Mas eu só roubei, tipo, 3 livros ou lá que foi.
Morte: Cala-te rapariga que roubava livros. Saukerl! Já agora aproveito para dizer que vão encontrar diversas palavras em alemão ao longo da história que serão logo traduzidas. Dá mais "profundidade" à história, percebem? Faz com que o autor pareça saber o que está a escrever.
(Autor: Só que não! MUAHAHAHAHAHAHAH!)
Morte: Vamos começar por matar o irmão da Liesel para poder sentir empatia e compaixão por ela logo desde o início e para começarem logo a chorar.
Liesel: Quando o meu irmão foi enterrado roubei um livro chamado "O Manual do Coveiro" que estava no caído no chão.
Leitor: Então não o roubaste. Simplesmente o levaste porque estava no chão.
Como eu imagino o Rudy depois de ser
repetido um milhar de vezes que o cabelo
dele é da cor do limão.
Morte: Não! Ela é a rapariga que roubava livros e roubou o livro.
Leitor: Que estava no chão.
Morte: Não interessa!
Rudy: Olá! Eu sou o Rudy e vou passar o livro a dizer que odeio o Hitler mas não vou fazer nada e depois
vão ver que eu gosto da Liesel e vou-lhe pedir muitos beijinhos que ela nunca vai dar e tenho o cabelo da cor do limão.
Morte: Interrupção para dar o significado da palavra "limão" no dicionário.
Leitor: Ahn? O que é que se está a passar.
Mama: Olá! Eu gosto de berrar e chamar Sauker e Saumensch a todos (isso basicamente significa que gosto de chamar "porco" e "badamerdas" a toda a gente), mas lá bem no fundo sou boa pessoa.
Papa: Olá! Eu tenho olhos de prata como poderão ler um milhar de vezes ao longo do livro. Sei ler e vou ensinar a Liesel a ler e também sou bom a tocar acordeão.
Liesel: Papa!
Papa: Liesel!
Mama: Saukerl!
Morte: Já estás a chorar, leitor?
Leitor: O quê? É suposto chorar?
Morte: Cala-te e lê o livro antes que te mate. Já agora, aqui vão algumas descrições ridículas e sem sentido do céu quando eu levo almas e toma lá mais umas quantas frases estúpidas que parecem filosóficas e profundas mas na verdade são simplesmente parvas. E mais um facto: este livro não vai acabar bem.
Leitor: Pára! Eu gosto de plot twists e reviravoltas.
Morte: Cala-te e lê! Olha vem lá um judeu que procura abrigo na casa da Liesel e dos seus pais adoptivos porque o Papa conheceu o pai do judeu, que se chama Max, na 1ª GM.
Max: Olá! Eu sou um judeu na Alemanha nazi e por isso vão sentir compaixão por mim. Tenho o cabelo como penas e a chave que seguro está-me a queimar a mão.
Leitor: As chaves não queimam a não ser que sejam aquecidas e nenhum cabelo se parece com penas.
Morte: Cala-te e lê.
*Muitas páginas sem sentido e aborrecidas se passam*
Liesel: Papa!
Papa: Liesel!
Liesel: Mama!
Mama: O que queres oh inútil porca estúpida e peso morto que só me chateia a cabeça?
Liesel: Podias ao menos ter dito isso em alemão. Sempre parece menos bruto. Rudy!
Rudy: Diz Liesel.
Liesel: Estou aborrecida porque não acontece anda.
Rudy: Vamos roubar.
Morte: Isto vai acabar mal por isso prepara os lenços para limpares os rios que vais chorar.
O maravilhoso narrador deste
maravilhoso livro
*Acontece uma coisa insignificante e aborrecida*
Morte: EU BEM TE DISSE!!! MUAHAHAHAHAHAHAHAH! CHORAS-TE MUITO?
Leitor: Não, tu avisaste-me antes por isso já estava à espera.
Morte: Cala-te e lê!
Leitor: Mas este livro não está a fazer sentido nenhum!
Morte: Tu deves ser daqueles que pensa que todos os livros têm de ter um enredo e personagens multi-dimensionais e também deves achar que duas metáforas por frase é demasiado. AHAHAHAHAHAHAHAH! ESTÁS ENGANADO!
Leitor: Por que é que eu comecei a ler este livro?
Morte: Porque toda a gente ama este livro e tu também. E para além do mais tem frases super filosóficas e metafóricas como: "O sol cor de pequeno-almoço" e "As palavras pingavam da boca do papá."
Leitor: Visto que como cereais de chocolate com leite ao pequeno-almoço vou imaginar que o sol estava branco e castanho na altura. E com a segunda frase só consigo imaginar o Papa com a boca aberta e com saliva a escorrer e essa saliva tem a forma de palavras.
Morte: Cala-te e lê!
Max: Ainda ando por aqui e sou super fofinho. Tenho um passado muito negro e gosto muito da Liesel por isso escrevi-lhe um livro com uns pássaros e umas quantas suásticas e umas metáforas que não fazem sentido nenhum. Amem-me por favor!
Liesel: Oh Max! Adorei a prenda. Gosto muito de ti! :)
*Mais umas quantas dezenas de páginas com a Morte a interromper constantemente o fluir da história, a Liesel e o Rudy roubam algumas coisas, toda a gente está muito mal, aparecem algumas personagens insignificantes lá para o meio, acontecem algumas coisas sem interesse e
» Click to show Spoiler - click again to hide... «
*Tudo muito giro e a Liesel vai para Sydney (original tendo em conta que o autor é de lá) e a Morte acaba com umas quantas narrações "assustadoras" e "sombrias")
FIM!!!

Aquele que não sabia nada da Alemanha nazi
excepto aquilo que lhe contaram em histórias
quando era pequeno.
Opinião
Adjectivos para este livro: pretensioso, aborrecido, irritante e demasiado longo. As ideias eram boas mas execução muito má. Quando comecei a ler este livro nem foi bem pelo facto de toda a gente gostar. Foi mais porque estava interessado em saber como seria ler um livro narrado pela Morte mas acabou por ser demasiado pretensioso como se em todas as páginas o autor quisesse forçar o leitor a chorar por coisas que não metiam pena nenhuma. Eu consigo imaginar o brainstorm que o autor fez antes de escrever este livro:
"Estou farto de ser um autor desconhecido e preciso de dinheiro por isso preciso de escrever um livro que tenho a certeza que vai fazer sucesso. Vou dizer que é um livro juvenil mas na verdade todo o livro vai ser escrito para adultos porque ninguém com menos de 15 anos vai perceber metade do livro. Aliás, vou tentar pôr mensagens subliminares através de metáforas que nem um adulto bem instruído vai perceber mas toda a gente vai achar muito giro. Ok, já tenho as bases. Agora visto que é um livro juvenil para adultos preciso de um tema polémico. Já sei! Hitler, o holocausto e a 2ª GM. E para fazer tudo mais interessante vou pôr a Morte a narrar a história toda, vou deitar para lá umas quantas personagens fofinhas mas que mais parecem pedaços de cartão a andar de um lado para o outro e está feito!"
E assim se cria um livro que supostamente é muito giro e tal e na verdade é o maior desperdício de tempo. Um dos piores livros que li, não recomendo a ninguém. Só não lhe dou pior classificação porque de alguma maneira consegui acabá-lo e porque uma personagem, a Ilsa Hermann, até era um bocado interessante ainda que irritante.

Resumindo: 3 estrelas em 10, um Horrível completo. Não leiam, não merece o vosso tempo. Sinceramente não percebo como é que tem 4.36 estrelas no Goodreads e quase 360 mil leituras. Enfim...

Até à próxima e... boas leituras!

Wednesday 3 July 2013

A Corte dos Traidores - Opinião

Sinopse:
Os Seis Ducados estão mais vulneráveis do que nunca. Enquanto o príncipe herdeiro combate os Navios Vermelhos com a sua frota e a força do seu Talento, o Rei Sagaz enfraquece a cada dia com uma misteriosa

doença e bandos de Forjados dirigem-se para Torre do Cervo matando todos pelo caminho.
Mais uma vez Fitz é chamado para para servir como assassino real. Mas o jovem esconde outro segredo: ninguém pode saber que formou um vínculo com um jovem lobo através da magia proibida da Manha e, se for descoberto, arrisca-se a uma sentença de morte.
Quando o príncipe herdeiro embarca numa perigosa missão para pôr fim à ameaça dos Navios Vermelhos, a corte é entregue nas mãos do príncipe Majestoso que tem os seus próprios planos maquiavélicos para o reino. Cabe ao jovem bastardo proteger o verdadeiro rei numa corte prestes a revelar a face dos traidores num clímax memorável.

Opinião:
Por onde começar?
Este livro foi perfeito em todos os sentidos da palavra e ainda que o título tenha sido escolhido pela Saída de Emergência (creio eu), assenta perfeitamente à história. Vou explicar o porquê de ter adorado tanto este livro: o primeiro livro desta saga foi, no início um grande desapontamento, como já aqui expliquei anteriormente, mas mereceu cinco estrelas porque acabou por me surpreender bastante; o segundo livro teve "apenas" quatro estrelas porque, apesar de ser bom, foi um bocado parado; mas este terceiro livro, oh god.
Já se passou algum tempo desde que o li mas creio que ainda sou capaz de recordar o que aconteceu. Este livro continua imediatamente a seguir ao segundo uma vez que no original são os dois o mesmo livro (é a mania da SdE de dividir os livros em dois) e por isso é aconselhável que leiam este terceiro imediatamente a seguir ao segundo. O Rei Expectante Veracidade parte, como diz a sinopse, para uma perigosa missão em busca dos Antigos. Os Antigos são um povo lendário que, segundo se diz, já anteriormente tinha vindo ao auxílio dos Seis Ducados e por isso Veracidade procura-os de novo para os salvar dos Navios Vermelhos. Ao início esta decisão pareceu um pouco irresponsável mas depois acabamos por perceber o desespero que atinge Veracidade e que apenas lhe deixa duas hipóteses: ou fica em Torre do Cervo e gasta todas as energias no Talento ou parte nesta missão arriscada.
Veracidade deixa assim a corte para o Rei Sagaz que está muito doente e enfraquecido e por isso quem realmente "manda naquilo tudo" é Majestoso. E heis o que fez este livro tão bom: nunca em toda a minha vida enquanto leitor eu odiei tanto uma personagem como Majestoso. Nunca. Nem mesmo Cersei ou o Joffrey. Majestoso é o arquétipo dos antagonistas. É que ele é mau, é horrível, odioso mas esses adjectivos não se aplicam a ele como se aplicam, por exemplo, a Lord Voldemort. Ele não anda para ali a matar pessoas (kinda of), não se põe a cortar cabeças nem a enforcar pessoas (apesar de querer). Ele simplesmente puxa uns cordelinhos e mata quem quer sem nunca se saber que é ele.
A segunda coisa que fez este livro perfeito foi o final. Oh god, aquele final. As últimas cem páginas (mais ou menos) estão cheias de revelações, traições, emoções e quase me fizeram atirar o livro contra a parede na esperança que Majestoso morresse, assim como Justino e Serena (mas esses pronto...)
As outras personagens foram excelentes como sempre. Kettricken é, até agora, uma das minhas personagens femininas favoritas e o Bobo permanece um mistério. Mas os melhores momentos foram, sem dúvida, quando Moli e Fitz estavam juntos. Adorei as falas, os momentos, as discussões e os corações partidos porque retratam uma relação realista, não um conto de fadas qualquer e no final deste livro até o meu coração ficou partido com o rumo desta relação.
E falando em final. Eu estava mais ou menos à espera do que ia acontecer porque li a sinopse do quarto livro antes de acabar este, mas mesmo assim aquele final fez-me ler o quarto livro logo a seguir. Eu tinha de saber o que acontecia. Não consigo imaginar as pessoas que leram este livro quando o quarto ainda estava por sair. Estou a imaginá-las a ler as últimas páginas umas cem vezes para se certificarem de que aquilo tinha acontecido. Alguns podem pensar que tudo tinha de ficar bem porque ainda havia mais um (dois em Portugal) livro para sair e por isso aquilo tinha de ser remediado. Mas com Robin Hobb não sabemos se tudo ia ficar bem no próximo livro. Quem nos diz que no próximo livro a história não ia continuar com uma espécie de vingança de Breu ou de Castro ou do Bobo ou da Kettricken. Não sabemos. É assim a Robin Hobb. E outra coisa fantástica (isto mais relacionado com a escrita) é as reviravoltas. Todos estamos habituados a reviravoltas e depois de ler as Crónicas de Gelo e Fogo já quase nada nos surpreende. Mas a diferença é que GRRM apresenta as reviravoltas e plot twists de uma forma brutal, atira-nos à cara e logo a seguir ajuda-nos a processar o que aconteceu através das consequências da reviravolta. Enquanto que Robin Hobb apresenta as suas reviravoltas de uma forma completamente banal, como se não fossem nada de especial, apenas um acontecimento como qualquer outro e a história continua. Creio que isto se deve ao facto de o livro ser escrito na primeira pessoa e ser uma espécie de recordação porque o Fitz está a recordar isto tudo e assim as reviravoltas não passam de um mero encadeamento lógico do Fitz. Dois exemplos de reviravoltas que me deixaram boquiaberto (e que me consigo lembrar agora) foram o da Rosamaria e o do Justino e da Serena.
Mas deixo-vos ler o livro por vós próprios, julguem-no como quiserem. Eu adorei, 10 estrelas de 10, Brilhante. Um livro excelente e que recomendo, sem dúvida. Se acharem os dois primeiros livros da saga aborrecidos e lentos, esperem até este.

Até à próxima e... boas leituras!

Monday 1 July 2013

Book Haul #3

Desde o meu último Book Haul que tenho andado a acumular uma quantidade (not so) saudável de livros e uma vez que já não posto aqui há que séculos, porque não começar com um Book Haul onde vos vou mostrar todos os livros que adquiri desde o último. Yay for books! Vamos lá então:

1. Comprei os livros que me faltavam da Saga do Assassino da Robin Hobb ("O Punhal do Soberano", "A Corte dos Traidores", "A Vingança do Assassino" e "A Demanda do Visionário") sendo os três últimos resultado da promoção da SdE que decidiu pôr todos os livros da RH na promoção 2=3















2. Alguns livros das Crónicas de Gelo e Fogo ("O Festim dos Corvos" e "O Mar de Ferro")


3. Mais um livro do GRRM, o "Windhaven" escrito em conjunto com a Lisa Tuttle


4. Mais um livro do GRRM, o "Sonho Febril", resultado da Feira do Livro do Porto Online da SdE


5. Um livro que ando a desejar há anos: "O Dardo de Kushiel" da Jacqueline Carey


6. Um livro da Anne Bishop, uma autora que anda há espera de ler há anos, o "Os Pilares do Mundo" (oferta da promoção 2=3)


7. Um clássico que nunca na vida pensaria ler mas que tive de comprar para o Concurso Nacional de Leitura (do qual fui finalista), o "O Vermelho e o Negro" do Stendhal


8. Outro livro que, como sempre, estava ansioso por ler: "A Rainha Branca" de Philippa Gregory


9. Um livro em inglês: "Mockingjay" o terceiro e último livro da trilogia "The Hunger Games" de Suzanne Collins


10. E finalmente três livros emprestados e também em inglês: "The Catcher in the Rye" de J.D. Salinger, "Do Androids Dream of Electric Sheep?" de Philip K. Dick e "Leviathan" de Scott Westerfeld




















Espero não me ter esquecido de nenhum! Bem, esperem opiniões de todos estes livros pois prometo que os acabo a todos este ano e ponho opiniões de todos. Alguns até já estão lidos :)

Até à próxima e... boas leituras!

Friday 31 May 2013

Cliché porquê?

Após uma prolongada e dolorosa ausência devido às condições adversas que têm surgido nestes tempos (portanto, os testes) eis que me vejo com algum (pouco) tempo livre para redigir um pequeno post sobre uma pergunta que me tem feito pensar durante muito tempo.
Ora, como sabem, eu sou um grande fã de fantasia. No entanto, isso não significa que seja um crítico literários específico desse género. É claro que depois de se ler muitos livros dentro de um género, é normal
que os nossos padrões de qualidade vão evoluindo até chegarem ao ponto de serem tão altos que poucos são os livros que consideramos bons. A fantasia é, por outro lado, um dos géneros mais complexos uma vez que resulta da mistura de outros géneros. Uma boa obra de fantasia deve conter assim uma grande quantidade de elementos fantásticos (como seria de esperar), um pouco de romance (um pouco, Stephenie Meyer, não carradas), mistério, drama, intriga, crime, etc. Mas para um escritor de fantasia surge a pergunta: como devo eu escrever uma obra original que contenha todos estes critérios?
A Stephenie Meyer, para variar
Pois, aí é que reside o problema. Os livros não são propriamente novos, surgiram há muitos séculos atrás, o que significa que tudo o que podia ser escrito já foi escrito e por mais que uma pessoa pense numa história completamente original ou esta é demasiado absurda (por ser muito diferente) ou não existe. Portanto é tarefa de um autor escrever uma história que seja, pelo menos, um pouco diferente das que já foram anteriormente publicadas. No entanto, como pode um autor saber se o seu twist pessoal não foi já feito? Para saber isso teria de ler todos os livros já publicados, o que é completamente impossível, e esta tarefa torna-se ainda mais difícil dentro da fantasia uma vez que os fãs deste género são cada vez mais e mais exigentes, fartos de verem porcaria publicada no seu género, fartos de verem livros carregados de clichés a circularem no mercado. É então que surge outra pergunta: por que é que uma coisa é cliché?
Supostamente um cliché é algo que já foi feito, algo tão comum que já ninguém quer ler, algo que está demasiado na moda, é demasiado mainstream. Um exemplo de cliché recente: romance entre vampiros e humanos. Outro: livros de fantasia que incluem elfos, anões e dragões, etc. Mas se nenhum livro é original e se um cliché é algo que já foi feito, então não estão todos os livros cheios de clichés?
Bem, não. Não há um critério definido que nos diga que um aspecto de um livro é cliché e outro não. Na minha opinião, este critério baseia-se no senso-comum do leitor. É o leitor, que em conjunto com outros leitores, decide se algo é cliché ou não. Hoje em dia verificamos que no mercado literário, como o mercado da roupa, têm surgido modas. Um livro é publicado e é bem recebido pelo publico e no ano e meio seguintes saem livros atrás de livros que se parecem com o primeiro que teve sucesso. Verificámos isso com a saga Twilight e com a dos Jogos da Fome. Estes livros popularizaram um género (vampiros e distopia respectivamente) e lançaram modas. É óbvio que ao fim de algum tempo o mercado literários e os leitores já estão saturados com o género que está na moda e acaba por se tornar cliché. Se agora eu lançar um livro em que um vampiro se apaixona por uma humana será, muito provavelmente, odiado por quase todos porque já foi feito demasiadas vezes nos últimos anos. Mas "nos últimos anos" não significa para sempre.
Great books
É época em que o livro é publicado tem então influência na decisão dos leitores decidirem se algo é cliché ou não. O problema é que para algo deixar de ser pouco original têm de passar muitos anos, muitos anos mesmo. Temos de esperar por uma "renovação das gerações" esperar que as pessoas que assistiram ao lançamento de uma moda morram para que se renove o mundo dos leitores. É por isso que paixões entre vampiros e humanos ainda são cliché. É por isso que os fãs da fantasia consideram elfos, anões e dragões cliché. No último caso, quem popularizou esta série de raças mitológicas foi J.R.R. Tolkien e a sua grande obra "O Senhor dos Anéis". Quando lemos "O Senhor dos Anéis" não achamos nada daquilo cliché porque sabemos que foi publicado há muitos anos e quando saiu para o mercado era original. Os livros que se seguiram é que acabaram por ser cliché porque são, grosso modo, imitações baratas desta grande obra (já o mesmo não se pode dizer do Twilight já que este já é uma imitação super-rasca do "Drácula").
Resumindo, cliché porquê? Bem, no caso da fantasia, podemos dizer que é cliché porque o J.R.R. Tolkien escreveu uma obra demasiado boa e por mais que alguém tente escrever um livro com elfos, anões e dragões, nunca será tão bom como "O Senhor dos Anéis".
Na vossa opinião por que é que algo é considerado cliché? Concordam ou discordam com a minha opinião?

P.S.: eu sei que é um post um pouco confuso e sei que não tenho estado activo na blogosfera literário portuguesa e por isso peço desculpa. Prometo que em breve voltarei a publicar e a comentar o máximo que puder.

Até à próxima e... boas leituras!

Saturday 4 May 2013

Primavera - um poema

Primavera
por Pedro Pacheco


Subtil, indecifrável, o aroma ergue-se no ar
Viajando ao som do vento, dançando valsa lenta,
Passando pelos campos, correndo para o mar,
Subindo em espiral das papoilas que florescem,
Seguindo rios apressados, cantando uma melodia
Que nos anuncia a Primavera, que nos chama,
Num murmúrio arrastado durante o dia
E num silêncio profundo na noite estrelada.

Chega a Primavera, derretendo a neve
Que o Inverno nos deixou em dias frios
De céu branco onde flocos puros caíam leve,
Suave, lentamente, cobrindo-nos num manto
Branco e virgem, um manto de esquecimento
Que nos aconchega e nos abraça, pintando,
Esculpindo! as paisagens do nosso lamento
Num lusco-fusco infinito, eterno, permanente.

E as aves saem dos ninhos, a andorinha chega
Como uma lança branca de paz que rasga o céu
Outrora de um azul profundo que nos aconchega,
Lançando sobre nós a luz do Sol ofuscante
Que dá cor à erva, que faz as árvores florescer
Colorindo a pouco e pouco um mundo afundado
Em tristezas e mágoas que nos fazem tremer.
E enfim chega a Primavera, subtil, indecifrável.

Tuesday 30 April 2013

Um pedido de desculpas e uma breve opinião sobre as primeiras 258 páginas do "Nómada"

Este deve ser o título mais explícito que alguma vez dei a um post. Não obstante, vou desenvolver o tal título para que todos possam perceber o porquê da sua existência.
A primeira parte do título refere-se a um pedido de desculpas que já devia ter vindo mais cedo, mas não veio. Isto porque aqueles que seguem o meu blog ou o visitam regularmente irão reparar que não publico um
post há, aproximadamente, um mês. E aqueles que são seguidos por mim irão reparar que não comento nenhum dos seus posts há, aproximadamente, um mês. Porquê? Ora porque fiquei sem Internet durante quase todo o mês de Abril e provavelmente o mesmo irá acontecer durante o mês de Maio - e por isso apresento já o meu pedido de desculpa para este mês que se segue. Por um lado esta falta de Internet foi terrível, horrenda, um pesadelo pois privou-me dos mais fúteis prazeres e não me deixou comentar nos posts de ciberamigos nem partilhar experiências de leitura com esses mesmos amigos. Por outro até foi uma boa experiência por duas razões: a primeira porque me mostrou como é viver durante quase um mês sem Internet (um bem que hoje todos temos como quase garantido) e a segunda porque me deixou mais tempo para ler porque, sejamos honestos, sem Internet não há grande razão para ir ao computador.
Assim sendo, Abril acabou por se tornar num mês quase excepcional para leituras: acabei o quinto livro da saga Harry Potter (Harry Potter e a Ordem da Fénix que tem, aproximadamente, 750 páginas), o sexto livro da mesma saga (Harry Potter e o Príncipe Misterioso), comecei o sétimo também desta saga (Harry Potter e os Talismãs da Morte), li umas quantas páginas de um livro que eu julguei ser bom mas que se revelou bastante mau (A Rainha Branca) e li 258 páginas do mostro chamado "Nómada", páginas essas que irei opinar na segunda parte deste post.

A aproximação da estreia do filme "Nómada" adaptado do livro com o mesmo nome fez aumentar a minha ansiedade em ler este livro enorme que ronda as 900 páginas. Já tinha ouvido falar tão bem deste livro por parte da comunidade literária tanto do Youtube como dos blogs que o meu cepticismo perante este livro desapareceu por completo. Porquê cepticismo? Pelo simples facto de ser escrito por uma autora tão falada neste blog (quase nunca pelas melhores razões): Stephanie Meyer. Então lá fui eu à biblioteca e requisitei o livro.
Quando comecei a ler confesso que fiquei intrigado e satisfeito. O conceito era bom, o início era apelativo. Mas o primeiro problema surgiu quase nas primeiras 50 páginas. Para explicar este primeiro problema apresento aqui um breve resumo da história: o planeta Terra sofreu uma invasão por parte de uns aliens que são uma espécie de almas que se apoderam do corpo de seres vivos e nele vivem para, supostamente, afastar o mal dos planetas que visitam. Mas um grupo de humanos consegue sobreviver, entre eles estás Melanie Stryder, uma jovem guerreira que, infelizmente, foi capturada e implantaram-lhe uma alma de nome "Nómada", uma das mais experientes almas, a que mais planetas visitou e mais vidas viveu (e atenção que estas maravilhosas características são repetidas indefinidamente no início do livro). Ora com este resumo lá
fui eu esperando uma guerra interna entre a Nómada e a Melanie que, surpreendentemente, consegue resistir à implantação da alma. Esperava que esta batalha se alargasse durante grande parte do livro pois seria interessante ver como a Nómada tentava conquistar o corpo de Melanie e vice-versa. Mas então a Nómada (que é tão resistente) submete-se à mente de Melanie que agora manda em tudo, incluindo em Nómada.
O segundo problema surge logo a seguir. Melanie começa a mostrar a Nómada uma série de recordações onde Jared, um homem lindo de morrer (como seria de esperar) e por quem Melanie se apaixonou. E adivinhem: Stephanie Meyer atinge-nos com mais um cliché ao fazer Nómada apaixonar-se por Jared.
O terceiro problema aparece então com o progresso da leitura. Depois de aceitar o facto de que Nómada também se apaixonou por Jared (o que seria de esperar vindo de um livro de Stephanie Meyer), a leitura torna-se simplesmente tediosa. Partes que deviam ser desenvolvidas (como a luta interna entre Nómada e Melanie) são apressadas e partes que deviam ser apressadas (como os dias em que Melanie passa numa gruta extremamente desconfortável, como é repetido vezes sem conta) são arrastadas durante páginas e páginas e páginas.
Por fim vem o quarto problema, aquele que "encheu o copo" e me obrigou a pousar o livro. É que Melanie ou Nómada finalmente encontram Jared quando pensavam que toda a esperança estava perdida. O que é que acontece neste momento emocionante? Jared dá um murro Melanie. Ok, é um choque mas podemos compreender o porquê: ele pensava que a Melanie tinha desaparecido e que um alien tinha tomado conta do seu corpo. O que seria de esperar? Melanie ia explicar, provando, que ainda lá estava e que ela e Nómada partilhavam o corpo. Mas não, Melanie fica calada, com medo de a matarem, e passa dias numa caverna desconfortável. Pronto, tudo bem, ela decidiu não falar mas que pelo menos revele um pouco de desprezo contra Jared que lhe espetou um murro. Mas não, segue-se um longo e cansativo discurso interno onde Melanie repete vezes sem conta que ainda o ama, que ele é lindo de morrer, descreve cada centímetro do seu corpo (excepto, claro, as partes privadas porque Melanie ainda é demasiado jovem -.-), e quase diz que o murro é uma prova de amor por parte de Jared. Da próxima vez que quiserem falar com alguém lembrem-se de lhe dar um murro para ela perceber que gostam mesmo dela.
Infelizmente... Stephanie Meyer continua a surpreender-nos, lançando cliché atrás de cliché e dizendo que a cada livro que escreve fica melhor. Eu, se fosse a ela, pensava bem nessa teoria.
Com esta pequena crítica ao livro "Nómada" me despeço de vocês.

Até à próxima e... boas leituras!

Tuesday 19 March 2013

O Punhal do Soberano - Opinião

Sinopse:
Fitz mal escapou com vida à sua primeira missão como assassino ao serviço do rei. Regressa a Torre do Cervo enquanto recupera do veneno que o deixou às portas da morte, mas a convalescença é lenta e o rapaz afunda-se na amargura e dor. O seu único refúgio será a Manha, a antiga magia de comunhão com os animais que deve manter em segredo a todo o custo. Enquanto recupera, o Reino dos Seis Ducados atravessa tempos difíceis com os ataques sanguinários dos Navios Vermelhos. A guerra é inevitável e preparam-se frotas de combate para enfrentar o inimigo, mas o Rei Sagaz não viverá por muito mais tempo. Sem os talentos de Fitz, o reino poderá não sobreviver. Estará o assassino real à altura das profecias do Bobo que indicam que o rapaz irá mudar o mundo?

Opinião:
Depois de ter ficado muito surpreendido com a mestria de Robin Hobb no "O Aprendiz de Assassino", não conseguia esperar para ler o segundo livro e acabei inclusive por comprar os outros três que completam esta saga. Digo já que adorei este livro mas não tanto como o primeiro. Talvez porque o primeiro foi o que me introduziu ao mundo de Hobb e trazia-me surpresas a cada virar de página. Este, por ser o segundo, lança-nos mais uma vez para um mundo que já conhecemos com personagens que também já conhecemos. Mas, mesmo assim, este é um dos melhores livros de fantasia que já li.
Continuamos a seguir, obviamente, a história de FitzCavalaria Visionário que no último livro ficou às portas da morte graças a um envenenamento por parte de Kettricken que pensava que Fitz queria matar o irmão, tudo por causa de Majestoso. Fitz, neste livro, começa a entrar na puberdade/adolescência, aquele momento da vida tão confuso e perigoso e que Robin Hobb conseguiu captar de uma forma impressionante. A sua paixão por Moli cresce a cada minuto que passa mas, no entanto, vê-se proibido de falar ou encontrar-se com ela, tudo devido aos mexericos da corte que iriam ver Moli como uma plebeia casada com um bastardo e sem qualquer dignidade. Depois temos Majestoso, a personagem que todos adoramos odiar, a personagem que nos faz querer arrancar as páginas do livro mas que não deixa de ser interessante e astucioso, conseguindo estar um passo à frente de Fitz, humilhando-o e rebaixando-o. A seguir Veracidade e ele é das minhas personagens favoritas. Preocupa-se por Fitz e trata-o como seu filho, odeia Majestoso e quer a todo o custo manter a paz no reino que, apesar de ainda não ser seu, é mais dele do que de Sagaz. E no meio de tantas ocupações, entre as quais treinar Fitz no Talento para que este o possa ajudar durante o Verão na luta contra os Navios Vermelhos, Veracidade não consegue arranjar espaço na sua vida para a pobre Kettricken, sua fiel esposa, que só quer passar mais tempo com o seu marido.
Kettricken é também bastante interessante e não conseguimos deixar de sentir empatia por ela. Sempre cresceu com os ideais de que o rei é um Sacrifício cujo dever é trabalhar e assegurar o bem-estar do povo, independentemente do que aconteça. Mas agora, atirada para um cultura diferente onde as princesas e rainhas ficam sentadas nos quartos a coser e a conversar, sente-se triste e sozinha e quando assistimos aos seus momentos de triunfo não conseguimos conter um grito de orgulho por ela. A personagem mais misteriosa e impressionante foi, sem dúvida, o Bobo que aparece poucas vezes ao longo do livro mas tem sempre uma presença teatral e misteriosa, ditando profecias e relatando histórias que escondem segredos mais ocultos.
Para mim, e sei que isto vai chatear algumas pessoas, a personagem que menos me cativou foi Lobito e os capítulos em que aparecia eram os mais aborrecidos. Não creio que acrescento algo de importante ou valioso para a história, parece uma personagem que foi atirada para ali só para fazer os leitores lembrarem-se da Manha. Certo que teve os seus momentos, principalmente quando salvou Fitz nas lutas contra os Forjados, mas por enquanto ainda não me conseguiu cativar. Por outro lado, os capítulos mais interessantes e que mais ansiava por ler eram os que envolviam a Moli e que foram, infelizmente, poucos. Eram os mais divertidos pois podíamos ver o quão acanhado e introvertido Fitz é quando está com a Moli.
Em suma, foi um livro que gostei bastante, sem dúvida, mas que não conseguiu superar o seu antecessor. Agora mais três para acabar a saga e pelo que vejo nas capas, consigo prever que vão haver uns quantos dragões à mistura. Robin Hobb ataca-nos mais uma vez com a sua escrita descritiva e com pouco diálogo mas que se revela rica e interessante com os seus constantes monólogos interiores. Estou ansioso pelos próximos!

8 estrelas, Excede as Expectativas

Até à próxima e... boas leituras!