Friday 29 June 2012

O Nome do Vento - Opinião


Não sei se será possível fazer uma opinião a este livro, por isso decidi colocá-lo numa nova categoria: livros de opinião impossível. No entanto, vou esforçar-me ao máximo para fazer uma, por mais horrível e injusta que seja. Por isso peço desculpa por duas coisas: primeiro porque esta opinião vai ser enorme, segundo porque para os fãs do livro isto vai ser uma ofensa.
Antes de começar, devo fazer uma introdução. Acabei de ler este livro há cerca de uma mês ou coisa do género e prometi a mim mesmo que ia fazer uma opinião o mais cedo possível. Mas os exames meteram-se no caminho. Depois dos exames passarem já não tinha desculpas para não a fazer e por isso passei horas em frente do computador em busca de qualquer maneira de fazer uma crítica, mas sempre sem sucesso. Finalmente, depois de acalmar e dos efeitos que este livro provoca passarem, consegui.
Com quase 800 páginas (na nova edição da Editorial ASA), este livro é a fantasia pura e dura, uma prova de que este género literário ainda tem muito para dar, um fruto de anos e anos de trabalho que deram ao seu autor, Patrick Rothfuss, noites sem dormir e dias sem fazer mais nada a não ser escrever e planear. De um momento para o outro, o título "O Nome do Vento" estava nas bocas de todos os bloggers de livros e de todos os booktubers, tornando o livro famoso e conhecido internacionalmente, atribuindo ao seu autor comparações a Tolkien e a outros mestres da literatura fantástico.
"O Nome do Vento" começa com a vida de um simples estalajadeiro chamado Kote. Kote vive numa pequena aldeia, dono de uma estalagem quase sempre vazia, com um aprendiz a seu cuidado e um passado que se tornou lenda. Então, naquilo que parecia ser um simples dia, um dos seus raros clientes é atacado por uma aranha gigante que nunca ninguém viu e apesar de todos pensarem que era um simples animal, Kote sabe que a aranha era um demónio, criaturas que tinham sido expurgadas e que nunca mais tinham sido vistas.
Certo dia chega à sua estalagem um cronista, aliás, O Cronista, um escritor de renome que viaja de local para local em busca de lendas para as provar ou verdadeiras ou falsas. E quando o Cronista chega à estalagem de Kote, reconhece o cabelo vermelho como fogo do estalajadeiro, os seus olhos furiosos e selvagens e a sua expressão lutadora e lendária. O Cronista reconhece o estalajadeiro como sendo Kvothe, um homem que se cresceu numa trupe e se tornou na maior lenda de sempre. E assim, Kvothe vê-se obrigado a contar-lhe a sua história.
O primeiro livro conta apenas uma pequena parte da sua vida. Kvothe nasceu no seio dos Edema Ruh, uma trupe que viaja por todos os Quatro Cantos da Civilização (o mundo onde se passa a história) e anima as localidades. Certa noite Kvothe conhece um homem chamado Abenthy e, para sua grande surpresa, vê Abenthy chamar o vento. Jovem e curioso, pede aos pais para que Abenthy se lhes junte e assim é. Os dias passam e Kvothe vê-se cada vez mais próximo de Abenthy e este acaba por se tornar o seu professor, começando a ensinar-lhe o básico da magia.
Assim começa a aventura épica de Kvothe que depois passa pela Universidade, a grande escola de magia (e não só), se apaixona por uma jovem mais selvagem do que ele e busca vingança contra os Chandrian.

Sim, aquilo foi só uma sinopse do livro. Agora é que começa a crítica (eu bem disse que ia ser enorme).
Não vos posso dizer o que mais me apaixonou neste livro, se as personagens, se o enredo, se a imaginação do autor... É impossível porque todas essas coisas convergem para criar esta obra-prima. Temos como personagem principal Kvothe que já foi introduzida um pouco na sinopse. O que mais me impressionou em Kvothe foi o facto de ele ser uma personagem real, uma pessoa que realmente pode existir, uma pessoa normal. Ao longo do livro apercebemo-nos de que Kvothe não é mais uma daquelas personagens cliché que é pura como os raios de sol e tenta proteger a natureza e toda a gente. Não. Kvothe é um jovem neste livro e tal como todos os jovens é ambicioso e depois daquilo que lhe acontece (não vou revelar o quê porque é um spoiler), é natural que ele procure vingança, é normal que ele queira ser mais e mais poderoso para se poder vingar. É uma personagem tão real que quando ele era pobre e os guardas de Tarbean lhe batiam, eu chorava porque tinha medo que ele morresse, irritava-me apetecia-me bater nos guardas. Quando Denna o ignorava, batia no livro e apetecia-me dar-lhe chapadas. Por falar em Denna, esta não é outra das habituais raparigas que andam atrás dos protagonistas dos livros. Muito pelo contrário. E só assim por acaso, a Denna é um bocado... parva (para não dizer outras coisas).
Quando ao enredo, é mais uma aventura épica do género fantástico. Acompanhamos Kvothe desde a juventude e neste livro apenas podemos ver um pouco da sua estadia na Universidade e uma viagem que ele faz em busca dos Chandrian. A Universidade é deveras interessante. Aqui ensinam magia, mas a magia que Patrick Rothfuss apresenta neste livro é diferente de tudo aquilo que eu já li. É uma magia (chamada Simpatia) mais virada para o lado científico e lógico. Por exemplo, para acender uma vela, temos de nos concentrar na vela, mas não podemos acendê-la de qualquer maneira porque na Natureza nada se cria nada se perde, tudo se transforma. Então, temos de nos concentrar numa fonte de calor, dividindo assim o nosso cérebro, uma parte para o pavio, outra para a fonte de calor. E só assim conseguimos acender a vela. E este sistema de magia é completamente diferente. Fomos habituados a varinhas mágicas que basta agitar e voilá! e a apontar mãos e tcharan! Mas a Simpatia é muito diferente e mais interessante e complicada e... sei lá!
Não temos muito direito a conhecer os Quatro Cantos da Civilização. Sabemos algumas coisas (há demónios, magia, dragões, etc.) mas pouco mais. Ah! Já me esquecia! Outro elemento nesta narrativa que raramente se vê na fantasia é a música. É que o nosso pequeno Kvothe é um mestre com o alaúde!

Mas resumindo e concluindo e para não alonga ainda mais esta crítica (podia continuar por muito mais), este livro é fantástico e maravilhoso. Sem dúvida 10 em 10 estrela, ou seja, 5 em 5, um extremo Brilhante. Um dos melhores livros que já li e ando desesperado por ler os próximos.

Au revoir e... boas leituras!

2 comments:

  1. Excelente critica!
    Este é sem duvida um dos meus livros favoritos, um dos melhores que já li. O Kvothe está no top dos meus personagens favoritos.
    E concordo plenamente com as reações ao longo da leitura! :D

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  2. Estou convosco, um livro espectacular e acredita que os seguintes estão ao mesmo nível, devias ler em breve.

    Já comentei a critica noutro espaço mas registo mais uma excelente critica.

    PS: Fico contente que tenhas finalmente começado a ler Fitz, em muitas coisas são semelhantes, ele e Kvothe ;)

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