Tuesday 30 April 2013

Um pedido de desculpas e uma breve opinião sobre as primeiras 258 páginas do "Nómada"

Este deve ser o título mais explícito que alguma vez dei a um post. Não obstante, vou desenvolver o tal título para que todos possam perceber o porquê da sua existência.
A primeira parte do título refere-se a um pedido de desculpas que já devia ter vindo mais cedo, mas não veio. Isto porque aqueles que seguem o meu blog ou o visitam regularmente irão reparar que não publico um
post há, aproximadamente, um mês. E aqueles que são seguidos por mim irão reparar que não comento nenhum dos seus posts há, aproximadamente, um mês. Porquê? Ora porque fiquei sem Internet durante quase todo o mês de Abril e provavelmente o mesmo irá acontecer durante o mês de Maio - e por isso apresento já o meu pedido de desculpa para este mês que se segue. Por um lado esta falta de Internet foi terrível, horrenda, um pesadelo pois privou-me dos mais fúteis prazeres e não me deixou comentar nos posts de ciberamigos nem partilhar experiências de leitura com esses mesmos amigos. Por outro até foi uma boa experiência por duas razões: a primeira porque me mostrou como é viver durante quase um mês sem Internet (um bem que hoje todos temos como quase garantido) e a segunda porque me deixou mais tempo para ler porque, sejamos honestos, sem Internet não há grande razão para ir ao computador.
Assim sendo, Abril acabou por se tornar num mês quase excepcional para leituras: acabei o quinto livro da saga Harry Potter (Harry Potter e a Ordem da Fénix que tem, aproximadamente, 750 páginas), o sexto livro da mesma saga (Harry Potter e o Príncipe Misterioso), comecei o sétimo também desta saga (Harry Potter e os Talismãs da Morte), li umas quantas páginas de um livro que eu julguei ser bom mas que se revelou bastante mau (A Rainha Branca) e li 258 páginas do mostro chamado "Nómada", páginas essas que irei opinar na segunda parte deste post.

A aproximação da estreia do filme "Nómada" adaptado do livro com o mesmo nome fez aumentar a minha ansiedade em ler este livro enorme que ronda as 900 páginas. Já tinha ouvido falar tão bem deste livro por parte da comunidade literária tanto do Youtube como dos blogs que o meu cepticismo perante este livro desapareceu por completo. Porquê cepticismo? Pelo simples facto de ser escrito por uma autora tão falada neste blog (quase nunca pelas melhores razões): Stephanie Meyer. Então lá fui eu à biblioteca e requisitei o livro.
Quando comecei a ler confesso que fiquei intrigado e satisfeito. O conceito era bom, o início era apelativo. Mas o primeiro problema surgiu quase nas primeiras 50 páginas. Para explicar este primeiro problema apresento aqui um breve resumo da história: o planeta Terra sofreu uma invasão por parte de uns aliens que são uma espécie de almas que se apoderam do corpo de seres vivos e nele vivem para, supostamente, afastar o mal dos planetas que visitam. Mas um grupo de humanos consegue sobreviver, entre eles estás Melanie Stryder, uma jovem guerreira que, infelizmente, foi capturada e implantaram-lhe uma alma de nome "Nómada", uma das mais experientes almas, a que mais planetas visitou e mais vidas viveu (e atenção que estas maravilhosas características são repetidas indefinidamente no início do livro). Ora com este resumo lá
fui eu esperando uma guerra interna entre a Nómada e a Melanie que, surpreendentemente, consegue resistir à implantação da alma. Esperava que esta batalha se alargasse durante grande parte do livro pois seria interessante ver como a Nómada tentava conquistar o corpo de Melanie e vice-versa. Mas então a Nómada (que é tão resistente) submete-se à mente de Melanie que agora manda em tudo, incluindo em Nómada.
O segundo problema surge logo a seguir. Melanie começa a mostrar a Nómada uma série de recordações onde Jared, um homem lindo de morrer (como seria de esperar) e por quem Melanie se apaixonou. E adivinhem: Stephanie Meyer atinge-nos com mais um cliché ao fazer Nómada apaixonar-se por Jared.
O terceiro problema aparece então com o progresso da leitura. Depois de aceitar o facto de que Nómada também se apaixonou por Jared (o que seria de esperar vindo de um livro de Stephanie Meyer), a leitura torna-se simplesmente tediosa. Partes que deviam ser desenvolvidas (como a luta interna entre Nómada e Melanie) são apressadas e partes que deviam ser apressadas (como os dias em que Melanie passa numa gruta extremamente desconfortável, como é repetido vezes sem conta) são arrastadas durante páginas e páginas e páginas.
Por fim vem o quarto problema, aquele que "encheu o copo" e me obrigou a pousar o livro. É que Melanie ou Nómada finalmente encontram Jared quando pensavam que toda a esperança estava perdida. O que é que acontece neste momento emocionante? Jared dá um murro Melanie. Ok, é um choque mas podemos compreender o porquê: ele pensava que a Melanie tinha desaparecido e que um alien tinha tomado conta do seu corpo. O que seria de esperar? Melanie ia explicar, provando, que ainda lá estava e que ela e Nómada partilhavam o corpo. Mas não, Melanie fica calada, com medo de a matarem, e passa dias numa caverna desconfortável. Pronto, tudo bem, ela decidiu não falar mas que pelo menos revele um pouco de desprezo contra Jared que lhe espetou um murro. Mas não, segue-se um longo e cansativo discurso interno onde Melanie repete vezes sem conta que ainda o ama, que ele é lindo de morrer, descreve cada centímetro do seu corpo (excepto, claro, as partes privadas porque Melanie ainda é demasiado jovem -.-), e quase diz que o murro é uma prova de amor por parte de Jared. Da próxima vez que quiserem falar com alguém lembrem-se de lhe dar um murro para ela perceber que gostam mesmo dela.
Infelizmente... Stephanie Meyer continua a surpreender-nos, lançando cliché atrás de cliché e dizendo que a cada livro que escreve fica melhor. Eu, se fosse a ela, pensava bem nessa teoria.
Com esta pequena crítica ao livro "Nómada" me despeço de vocês.

Até à próxima e... boas leituras!

2 comments:

  1. Eu nem cheguei aí. Pousei o livro para aí na página 70, e isso foi há séculos, quando saiu e uma aluna de 8º ano a quem seduzi para a leitura com o Twilight (as meninas amam esta história, como é natural) mo emprestou. Não consegui, achei muito aborrecido logo de início.

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    1. Eu ainda tentei porque estava com esperanças de que melhorasse. Quer dizer, um livro de 900 páginas tem mais probabilidades de melhorar do que um livro mais pequeno. Mas a Stephanie Meyer desafia mais uma vez as probabilidades e faz-me desperdiçar preciosos momentos de leitura

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