Saturday 4 May 2013

Primavera - um poema

Primavera
por Pedro Pacheco


Subtil, indecifrável, o aroma ergue-se no ar
Viajando ao som do vento, dançando valsa lenta,
Passando pelos campos, correndo para o mar,
Subindo em espiral das papoilas que florescem,
Seguindo rios apressados, cantando uma melodia
Que nos anuncia a Primavera, que nos chama,
Num murmúrio arrastado durante o dia
E num silêncio profundo na noite estrelada.

Chega a Primavera, derretendo a neve
Que o Inverno nos deixou em dias frios
De céu branco onde flocos puros caíam leve,
Suave, lentamente, cobrindo-nos num manto
Branco e virgem, um manto de esquecimento
Que nos aconchega e nos abraça, pintando,
Esculpindo! as paisagens do nosso lamento
Num lusco-fusco infinito, eterno, permanente.

E as aves saem dos ninhos, a andorinha chega
Como uma lança branca de paz que rasga o céu
Outrora de um azul profundo que nos aconchega,
Lançando sobre nós a luz do Sol ofuscante
Que dá cor à erva, que faz as árvores florescer
Colorindo a pouco e pouco um mundo afundado
Em tristezas e mágoas que nos fazem tremer.
E enfim chega a Primavera, subtil, indecifrável.

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